Celular para surdo-mudo

Dia desses, dentro do ônibus, o celular da mocinha sentada ao meu lado tocou. Ela abriu a bolsa, verificou o número, olhou para mim e pediu para eu atender.

- É que eu não escuto, explicou com gestos.

Tomei um susto, afinal, era uma situação totalmente inusitada, nova para mim. Naqueles segundos que se passaram até eu atender o celular, pensei: "se ela é surda, por que tem um celular? E por que os amigos dela ligam? Não seria mais fácil mandar mensagem?"

Atendi. Mas antes perguntei qual era o nome dela.

- Oi, esse é o celular da Isabela, eu atendi porque ela não escuta. Quem está falando?

- Mariana.

Virei para o lado e falei: "é a Mariana".

A moça – que me entendeu por meio da leitura labial - explicou que era a filha dela.

A Mariana, que parecia ter uns 12, 13 anos, pediu para eu perguntar se ela poderia encontrar com a amiga, algo assim.

A mãe respondeu, passei e o recado e a Mariana continuava fazendo perguntas. Mas eu tomei a iniciativa e disse: "sua mãe já está quase chegando em casa – eu sabia disso porque ela disse – então espera um pouquinho e aí vocês conversam pessoalmente. Tudo bem?

A Mariana concordou, desliguei o telefone e a mocinha me agradeceu muito. Depois do susto, fiquei feliz por ter ajudado e, ao mesmo tempo, imaginando a dificuldade da Isabela. E da Mariana também.

Até que me lembrei de uma situação parecida que vi no Japão. Eu estava no metrô e fiquei impressionada ao ver uma moça olhando para o celular e fazendo gestos. Era uma comunicação entre surdos-mudos. A japonesa não precisou da minha ajuda para atender o celular.

Será que um dia a Isabela poderá ter um daquele?

Dei uma pesquisada no Mr. Google e achei este vídeo acima, sobre um projeto para facilitar a vida dos surdos-mudos. Nunca tinha parado para pensar nisso! E vocês?