De volta a Beagá!

Faz uma semana que estou de volta ao Brasil, mas só agora comecei a contar que cheguei. Como escrevi no post anterior, eu estava tão cansada que só queria dormir.

É claro que quero (re)ver meus amigos, passear pela cidade, pegar um cineminha, andar de bicicleta ao redor da Lagoa da Pampulha etc e tal. Mas sem colocar o sono em dia, ajustar o relógio biológico e curtir o sofá da minha mãe, seria impossível!

Peço desculpas pelo sumiço m(_ _)m

Saí de casa apenas para ir a um internet café do bairro e a uma agência bancária no centro da cidade. Foi muito divertido, me senti uma turista na minha terra natal!

A primeira “quase-gafe” foi quase ter usado uma nota de 1 real. Por sorte, paguei o uso da internet com moedas e só descobri que as notas de 1 real estão fora de circulação, ao entregá-las ao meu irmão.

- Uai, onde você conseguiu essas notas?
- Uai, são de três anos atrás. Eu guardei o que sobrou da última vez que estive no Brasil.
- “Você pode vender para um colecionador”, brincou.

CORREÇÃO: as notas ainda são válidas, porém, é difícil encontrá-las já que deixaram de ser fabricadas :p

Rimos muito! Eu, da cara de espanto dele. E ele por eu ter as extintas notas de 1 real.

Minha ida ao centro, de ônibus, foi ainda mais divertida. Eu estava morrendo de medo! Mas não ia dar o braço a torcer e pedir alguém para me acompanhar. Fui!

Sem relógio, sem anel, sem pulseiras. De acessórios, só o cinto e os brincos bem pequenos e discretos. Queria usar meus óculos de sol – o verão daqui está demais! – mas fiquei com medo deles ser em roubados, acreditam?

Também deu medo levar a carteira. Na minha bolsa, não havia praticamente nada! Só a carteira de identidade, o relógio – já que eu não podia colocá-lo no pulso – e um porta-níquel com moedas e uma nota de 20 reais. “Se me roubarem, o prejuízo não vai ser grande”, pensei.

O primeiro e acho que único susto foi com a cor do ônibus: uai, não era vermelho? Por que agora é verde? Sei lá, coisas da prefeitura…

Por dentro nenhuma mudança e a minha sensação era de recordações, muitas recordações. Tive de me policiar para não ser indiscreta. Eu observava as pessoas, o ônibus e a paisagem do lado de fora, assim como no dia em que peguei um metrô no Japão pela primeira vez.

Tive medo de ter perdido o sotaque belorizontino, mas depois de dois dias e meio na casa da Naomi, nos Estados Unidos, – ela também é de Beagá –
acho que voltei ao normal. Até agora, ninguém reclamou. Tô falando até uai! No Japão, acabei incorporando paulistês, carioquês, nordestino e cia.

Por isso, acho que nem o cobrador do ônibus, nem o vendedor de uma loja de sapatos perceberam que eu era “de fora”. Ou melhor, uma nativa meio fora de forma. Para um perguntei se aquele ônibus parava em tal ponto. Para o outro, perguntei onde era o banco. Eu não sabia mesmo!

Nesse percurso, conversei com meia dúzia de pessoas. A moça sentada ao meu lado no ônibus, a outra no banco, a outra que me ajudou a pegar a senha da fila – eu nunca tinha usado aquela máquina! – a outra que me serviu água, a senhora que me pediu ajuda para ler o número no papel dela…

E acho que me comportei diretinho, como uma belorizontina da gema! Não queria ficar com cara de turista :p

Achei o maior barato aquele monte de gente gritando “foto na hora, fota na hora, foto na hora.” E a mulher na porta das Lojas Americanas repetindo sem parar “mata barata, mata formiga e… (não entendi), é o giz chinês! Quatro pilhas, 1 real!”

Também tive de segurar o riso, quando ouvi uma mulher no celular, andando pelo centro. Ela falava alto, muito alto! “Deixa só eu chegar aí! Eu vou te beijar na frente dela! Aí eu quero ver!”

Pois é, pessoal. Belo Horizonte vai render – e já rendeu – muitas histórias! Não conto mais porque não cabe num post só. Eu volto logo, prometo (^_^)v

Fotos? Tenho duas câmeras digitais, mas não tive coragem de usá-las. Queria fotografar os ônibus, o povo no centro da cidade, mas primeiro preciso tomar coragem.

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20 respostas a De volta a Beagá!

  1. Caruso disse:

    Karina !!!! Em Beagá!!!!….confesso que minha ficha ainda não caiu, mas achei maneiríssimo o seu relato!! Nossa, maneiro mesmo saber como é essa sensação de gringo na própria cidade. Eu na verdade, experimentei um pouco disso, quando voltei ao Rio em dezembro agora, depois de 3 anos sem voltar. Sei exatamente do que está falando! Mas essa de conversar com meia dúzia de pessoas é muito gostoso não é!? Foi uma das coisas que eu mais gostei enqto estava no Rio: falar com as pessoas na rua, ser perguntado etc. Agora, essa da nota de 1 real eu estou boiando! Que história é essa de fora de circulação? Foi agora? É só em Beagá? Porque eu não notei nada…ou será que eu sou mesmo desligado?? rs. Bom, se eu fosse vc, eu continuava com esses relatos pq é bom a gente saber, ou melhor, as pessoas que querem voltar ao Brasil, irão sentir. Maneiro mesmo! Parabéns!

  2. hidemi disse:

    o karina ^^ adorei o post, logo logo sera minha vez de postar as minhas impressoes no meu blog… pretendo voltar ainda esse ano pra aprensentar minha filhotinha pra(s) familia(s)rsrs o post me lembrou a 1 vez q voltei, e olha q soh fiquei 7 meses… e eu tb me senti uma turista na minha terra natal…demora uns 6 meses pra acostumar, perder o medo de sair de casa…estou a 5 anos aki, desde a ultima vez q voltei… isso vai render muitos posts ^^e fiquei mto feliz em saber q vc continuara com a coluna na alternativa, adoro!bjos e muita sorte ai em bh

  3. Celina disse:

    Ola, KArina QUe bom que a sua volta ao Br ter dado certo. Eu sempre sinto uma turista qdo volto pro Br, a ultima vez (acho que dois anos atras) foi o que senti mais pois praticamente incorporei a moda japonesa e qdo estva no Br me sentia a ET. Fora que sou branca naturalmente entao todo mundo que conhecia perguntava se estva doente (qdo morava no Br fazia de tudo pra ficar bronzaeda pois essa eh a moda nas terras tupiniquins ne???!!!e eu que sou naturalmente branca!!!) Mas qto ao medo de ser assaltada nao tenho nao, ainda mais que a casa dos meus pais ja foi (assalto amao armada) e ja fui roubada varias vezes em SP. So deu medinho qdo sai do aeroporto, mas depois circulando em SP de onibus ou metro nao deu neura nao. So achei que os motoristas de onibus sao grossos!!!! (se comparados com o do Japao) E que o povo br infelizmente continua jogando lixo no chao (e aida falam de ecologia e das baleias dos piases alheios)!!! Beijao PS: espero que de tudo certo ai no Br. onibus

  4. Marcia Kawabe disse:

    Karina é assim mesmo! Na primeira semana de volta ao Brasil, eu morria de medo de ir na quitanda na esquina da minha casa – casa da minha mãe- e ser assaltada, hahaha! Mas depois passa, te garanto! Agora essa da nota de R$ 1,00 nem eu sabia !!! :)

  5. Taliesin disse:

    Olá minha amiga, imagino o choques q vc deve estar tomando, re-acostumar com as mudanças que ocorreram, mas acho q vc tb vai sentir falta de muita coisa de lá do nihon.beijos

  6. Gusthavo Corrêa disse:

    Olá, Karina. Parabéns pelo seu divertido texto. A nota de R$1,00 continua valendo, apenas é difícil de encontrar, pois não é mais fabricada, mas perfeitamente válida.

  7. Fernanda Merljak disse:

    Karina, ri muito te imaginando “perdida” na cidade. Mas confesso que eu também usaria a nota de 1 real. Sei que não são mais produzidas, mas pensei que ainda estivessem valendo, até ninguém mais repassá-las. (procure saber no banco pq ainda não estou convencida que pode jogá-las fora..rsrs)Imagino quando passar na Antônio Carlos, em frente ao Uni-bh que está praticamente no meio da avenida…rsrsrsBem vinda!!

  8. Bruna disse:

    Oi Karina! :) Quem me indicou o seu blog foi uma querida amiga minha, Márcia Kawabe, que parece que já te conhecia de outro blog, quando você estava no Japão.Eu moro aqui em BH há quase 13 anos e sei exatamente o que você narrou. Com a diferença que eu não conhecia BH antes de vir morar aqui, então não sabia qual ônibus, qual rua, nada! Descobri tudo do zero. Hoje eu sei tanto que até enjoei. E trabalho no centrão há 3 meses e estou quase surtando, não gosto do centro daqui.Pra matar a sua curiosidade, esse negócio do “mata barata” é assim: “Mata barata, mata formiga! É o giz chinês!” Sabe giz de escrever em quadros, tipo das escolas de antigamente? Então, este giz chinês giz vem com “veneno” que mata baratas e formigas, basta você passar ele no caminho dos insetos. Se funciona eu não sei, não acho ele funcional… risos…Quanto a ter tanto medo de ser assaltada, bem, realmente é bom ter cautela, mas as coisas não são assim tão radicais não. Vale sempre a atenção, em todos os lugares de BH, mas não precisa ter tanto medo não, viu?Acredito que o próximo passo seria você ir na feira hippie, no domingo (daí sim, vá sem bolsa e com pouco dinheiro!). Ou no mercado central. Continua igualzinho era há 13 anos atrás… risos… as outras coisas mudaram um pouco… heheheE, se quiser uma nova amiga, me mande um e-mail, podemos rodar a cidade. Eu falo demais então você logo vai relembrar o sotaque… hehehe…Bemvinda de volta! :-) Abraços,Bruna

  9. Thiago disse:

    Eita, nota de 1 real não vale mais?Não sabia dessa!Eu voltei uma vez ao Brasil e fiquei só um mês e meio. Não estranhei nada não, talvez por morar em cidade pequena, sem aquele tumulto, tenha ajudado.Espero que nos conte sobre BH e Minas Gerais de agora em diante, pq tenho vontade de conhecer.Boa sorte aí no Brasil e não vai parar de estudar nihongo pra poder voltar afiada algum dia!Mata ne!!!

  10. Bianca disse:

    amei seu texto! Apesar do seu medo de ser assaltada eu acho que vc se divertiu muito com as novidades né?

  11. Sugiuchi disse:

    Chegou bem neh? Dei risada da sua historia dai de Bh. Depois nao esqueca de atualizar o titulo de eleitor, carteira de motorista, teem prazo pra atualizar depois da volta. Abracos.

  12. Naomi disse:

    Karinaaaa, to pasma… Nao tem mais nota de 1 real???? Essa eu tambem nao sabia… Nao preocupa as manotas fazem parte da volta… Da primeira vez que estive ai depois de 3 anos aqui eu nao sabia como usar o cartao no telefone publico… Fui perguntar e o coitado do menino na lanchonete nao sabia se era serio ou se eu tava fazendo hora com a cara dele… rs… Poe noticias de NY ai agora… rs Beijos

  13. Elaine Niinuma disse:

    Karina, sempre leio seu blog, e acho q´essa é a primeira vez q comento. Cheguei do JP em Setembro, e me senti assim como vc, rsrsrs, meio perdida em meu proprio país. Gosto de ler seu blog, pq sempre lia aqui, coisas do cotidiano do JP, e sempre me identificava entre um post e outro. Continue escrevendo, q a gente vai continuar lennndo …. independente se em Tóquio ou em Beagá !!rs

  14. OJ disse:

    Ótimos os seus comentáriosAcesse meu blog tbmwww.paparazzioprecodafama.blogspot.com

  15. Margareth disse:

    Aí Karina, já chegou no Brasil….que bom deu tudo certo!!!!!Aqui o vento está forte e muito frio, aí o verão gostoso…bonita a foto de BH.Já deve ter engordado, pois a comida de Minas Gerais é uma delícia. Eu já conheço BH, fui 2 vezes à passeio. Que estranha a sensação de retornar às origens né. E o medo dos assaltos, nossa…que coisa! os brasileiros são tão calorosos, gostam de puxar papo, mas vai sentir saudade da educação dos japas.Um bom fim-de-semana! Felicidades.

  16. Margareth disse:

    Karina, vc. sabe se é verdade que a carteira de motorista tem que ser renovada até um mês de vencida e depois perde a validade completamente se não renovar no prazo? Para justificar o título de eleitor, lembre-se de levar o passaporte, pois eu não tinha levado e como era hora de fechar, eu paguei uma taxa. Dinheiro no Brasil é tão maltratado, fica todo amassado, rabiscado…deve ser por isso que não tem mais notinhas de 1 real.

  17. EDi disse:

    Karina Almeida no Brasil? Confesso que me senti traido! Eu realmente demorei a acreditar ao ler sua ultima coluna gDe olhos abertosh, achei que fosse uma brincadeira, mas ao ver seu blog, constatei o que era a mais gdurah verdade. Ha tempos que leio suas colunas e as recomendava para aqueles que eu queria incentivar a estudar japones. Em suas materias voce sempre deixa transparecer uma admiracao tao grande pela cultura japonesa que eu cheguei acreditar que voce ja estava se tornando uma nativa. Espero que tudo transcorra maravilhosamente bem para voce ai no Brasil, mas se quiser voltar, ja tem o meu apoio…

  18. Sandro disse:

    Karina, eu acompanho seu blog há um tempinho (e as colunas na revista Alternativa).E tudo de bom para você nesta nova empreitada em Beagá!E, realmente, todo cuidado com a segurança (ou falta dela) no Brasil! Infelizmente!Quanto à (ainda existe crase?) nota de um real eu só fiquei sabendo que ela saiu de circulação quando fui na página do Banco Central Do Brasil para saber sobre as novas notas de real e… para meu espanto… a de um real já era!

  19. paullo disse:

    Seja Bem vinda de volta!!Eu confesso que achei que o blogue fosse ficar chato, jogado as moscas, mas que surpresa mais agradavel, adorei este post, espero que voce se inspire e escreva mais!!Beijo

  20. Aline disse:

    Muito divertido esse post! Das notas de 1 real eu já sabia, acho que pararam de fabricar em 2006, e eu guardo uma novinha, que me passaram ano passado pra me dar sorte^^. Agora desse giz chinês eu não sabia, acho que não tem em SP…Espero que continue contando muitos causos!=^.^=

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