Um Ano-Novo meio brasileiro, meio japonês

Já contei aqui no blog que Ano-Novo no Japão precisa de legenda! Pois é, sem decoração especial, sem champanhe, sem roupas brancas e amarelas, e com um ou outro countdown – aqui e ali – bem chinfrim, num frio de lascar, fica difícil encontrar aquela animação toda que temos no Brasil.

Mas em vez de ficar nos lamentando, acho que devemos encontrar um jeito diferente de comemorar a passagem de ano. Cem por cento à moda japonesa é complicado porque o Ano-Novo deles é uma festa familiar, com ceia especial, na casa dos pais, mais ou menos como o nosso Natal – apesar de menos animado, claro.

E é por isso que o meu Réveillon tem sido meio japonês, meio brasileiro.

Em 2012/2013, passei numa balada em Tóquio e confesso que me arrependi. Simplesmente, porque de-tes-to balada no inverno! Acho uma chatice vestir um super casaco sobre um vestidinho de verão, e morro de frio nas pernas (meias-calças não esquentam o suficiente!). E isso não é coisa da idade, sempre fui friorenta :p

Desta vez, decidi que passaria a virada de calças, meias e botas quentinhas! E troquei a balada por um pub. Não teve countdown – teriam eles se esquecido, já que constava isso no panfleto de divulgação da “festa”? – mas fiquei superfeliz com os drinques, petiscos e o papo animado entre amigos queridos.

Dividida entre as tradições e superstições do Brasil e do Japão, vesti camisa branca (paz!) e calças pretas (japoneses não ligam pra cor). Tomei sopa de lentilha (sorte!) antes de sair de casa, abri o champanhe italiano que ganhei no Natal (não pode faltar!), e ignorei o countdown que não veio.

Fechamos a noite, que na verdade já era manhã, por volta das 6h, num santuário xintoísta. Não sigo todo o ritual pois essa não é a minha religião, e me sinto meio forasteira, invadindo um território que não conheço bem.

Por outro lado, amo sentir aquela energia boa que os locais sagrados emanam, agradeci pelo ano que passou e renovei meus pedidos de sorte e proteção. Também aceitei o típico amazake, servido por um senhorzinho no santuário, e comprei o famoso omikuji – um papelzinho da sorte, que diz o que o ano novo reserva para nós.

Amazake é um vinho de arroz japonês doce. É bem docinho mesmo, e a textura lembra Neston! Não tem cara de bebida alcoólica e, na verdade, tem muito pouco álcool. É meio esquisito, mas muito gostoso :)

Alguns dias depois, amigos japoneses me convidaram para um brinde com outra bebida típica, chamada otoso. Eu disse que não conhecia, e eles me explicaram com a ajuda do Wikipédia: Otoso お屠蘇 Otoso é (sake) condimentado com ervas medicinais e servido num recipiente e copos lacados ( urushi ) e decorativos para celebrar o Dia de Ano Novo. Ajuda a digestão e é eficaz contra o peso no estômago em resultado dos pratos de Ano Novo. Os condimentos para o Otoso vendem-se em saquetas do tipo para preparar o chá e que são imersas no sake. Diz-se que afugentam o mal e conservam a saúde.

Tomamos num copo de tequila, adorei o brinde, mas menti quando disse que o tal otoso é muito gostoso. Tem gosto de remédio! Haha…

E querem saber o que estava escrito no meu omikuji (segunda foto de cima pra baixo)? Eu conto!

Tive que pedir ajuda ao meu professor, pois o japonês usado nestes papeizinhos é antigo e bem difícil para quem (ainda) não é “ninja” na língua japonesa.

O primeiro passo é verificar o “veredito” dos deuses. Seu ano vai ser bom, ruim, péssimo, mais menos, ótimo? O meu vai ser bom. Ufa!

E entre previsões e conselhos para categorias como amor, viagens, trabalho, saúde, dinheiro/negócios etc, a mensagem que recebi foi: “Não tome decisões precipitadas! Tudo vai dar certo, desde que você pense bem antes de decidir e fazer!”

Junto, veio um amuuleto parecido com uma moeda de 5 ienes, que aqui é considerada de sorte.

Amém!

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Natal e Ano Novo à moda japonesa

Imagino que para os turistas desavisados, o Natal à moda japonesa pareça incrível, pois aqui o povo capricha na decoração e, especialmente, na iluminação. Capricha mesmo!

A Praça da Liberdade, em Beagá, e a Avenida Paulista, em São Paulo, só para citar alguns exemplos brasileiros, ficam no chinelo!

(Se bem que o Coral do Palácio da Avenida, em Curitiba, eu acho que não perde não)

Mas basta pesquisar um pouquinho mais para descobrir que Natal aqui é quase um Dia dos Namorados!

Pois é, em vez de ceia com a família, muitos japoneses, especialmente os jovens, celebram a dois, com um jantar romântico e uma esticadinha no motel. Ou num hotel, para os mais clássicos e/ou chiques.

Existe ceia de Natal sim, árvore e até Papai Noel. Mas o prato principal é frango assado e uma das estrelas da noite é o chamado Bolo de Natal.

E com pouquíssimos católicos num país de maioria budista, mais importante do que o aniversário de Jesus Cristo é o aniversário do imperador Akihito. Dia 23 de dezembro é feriado no Japão por causa dele, que completou agora 80 anos!

Já nos dias 24 e 25 de dezembro, os japoneses trabalham normalmente.

Se o Natal dos japoneses lembra o nosso Dia dos Namorados, o Ano-Novo nipônico lembra o nosso Natal!

(quase) Todo mundo folga pelo menos uns três ou quatro dias no finalzinho/comecinho do ano, e celebra a data com a família reunida e uma ceia exótica, mas especial.

O povo ainda segue um monte de rituais – por exemplo, fazer uma super faxina na casa antes da virada, para atrair coisas boas no novo ano – e costuma ir ao templo budista (ou seria santuário xintoísta? Para nós é tudo igual mas para eles, obviamente não).

E assim como acontece em São Paulo e nas demais cidades grandes do Brasil, uma multidão deixa Tóquio para passar as festas de final de ano com a família de norte a sul do país. Trem-balas, ônibus, aviões e estradas ficam lotados. E a capital japonesa dá uma leve esvaziada. Eu diria que é uma ótima época para passear em Tóquio, não fosse o frio beirando zero grau.

Se a ideia é passar a virada do ano numa festa animadíssima, com todo mundo vestido de branco e amarelo, esqueça o Japão! Ou procure uma festa de brasileiros que vivem aqui :p

Contagem regressiva tem sim. Mas todas que presenciei foram bem chinfrins, e a gente só percebe que é Réveillon nesses 10 segundos. O melhor, na minha opinião, é fazer as malas e se mandar para o Brasil! Ou para a Tailândia, como eu fiz em 2008/2009.

Outra opção é colocar na cabeça de uma vez por todas – como eu finalmente consegui fazer – que Ano-Novo no Japão não tem nada a ver com o nosso Ano-Novo. E que apesar de diferente, pode ser muito legal se a gente entrar no clima daqui.

F E L I Z  N A T A L  E  F E L I Z  A N O  N O V O!

ps. repararam na carinha nova do blog? Gostaram? :)

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Hotaluna: Cruzeiro-balada na Baía de Tóquio

Já contei sobre um passeio de barco que fiz na belíssima Baía de Tóquio aqui (clique para ler/reler o post).

Mas, desta vez, foi diferente. Nada de fogos de artifício e quimono. Curtimos uma balada que combinava música eletrônica e trompete!

E mais: dentro do barco, com teto e laterais de vidro para que pudéssemos apreciar uma das vistas mais famosas da capital japonesa.

Melhor ainda para quem, assim como eu, adora dançar mas não tem mais pique para ficar na rua até o dia amanhecer. A balada – ou seria happy hour? – começou às 19h, com o céu de verão ainda claro, e acabou às 23h. Perfeito para mim :p

Pagamos 2.500 ienes (mais ou menos 56 reais) pela entrada. Não é barato, mas achei o preço justo. Uma “balada de verdade” aqui custa 3.000, 3.500, 4.000 ienes…

Soube, por uma amiga japonesa, que este evento é esporádico, porém, o barco chamado Hotaluna é velho conhecido dos turistas e toquiotas de plantão. Há vários passeios por dia.

O site só tem versão em japonês, mas vale a pena dar uma bisbilhotada: http://www.suijobus.co.jp/ship/hotaluna.html

Parêntese: Faltou a foto do trompete m(_ _)m

Acompanhe o Meu Japão também pelo Facebook. Basta clicar em curtir/like! Confesso que tenho atualizado mais lá do que cá, mas somente porque está difícil arranjar mais tempo! Aí vai o link: http://www.facebook.com/blogmeujapao

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AKB48 x Bonde das Maravilhas – parte 2

(Post editado dia 22 de maio de 2013)

Faltou falar desta campanha (vídeo abaixo) que o grupo AKB48 fez em 2011. Traduzindo o que ela diz: “Quer fazer um bebê comigo? Pela internet né!”

Pelo site, o fã coloca(va) uma foto dele para saber como seria a carinha da criança caso ele e a mocinha do AKB fossem os pais.

A campanha deu o que falar, claro! Mas pelo menos a Yuko Oshima, esta garota do vídeo, já tinha passado dos 20 anos (maioridade no Japão).

E esta não é a única polêmica ligada às japonesinhas de maior sucesso do país.

Uma delas, a Minami Minegishi, raspou a cabeça como autopunição por ter quebrado a promessa – assinada em contrato! – de pureza ao arranjar um namorado (ficante?) e passar a noite com ele. Saiu na imprensa do mundo inteiro, inclusive do Brasil.

Outra integrante, chamada Tomomi Kasai, foi fotografada com um garoto de uns 8 ou 9 anos segurando os seios nus dela. Neste caso, o escândalo foi ainda maior e se não me engano a moça até saiu do grupo. Ela já tinha 21 anos, mas o problema era o menino…

Interessante que o grupo tem/tinha muitas menores de idade, mas os escândalos só acontecem com as meninas que passaram dos 20. Coincidência?

Para ler a primeira parte do post no Meu Japão, basta clicar aqui. E achei um blog que fala com mais detalhes sobre estas polêmicas aqui.

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AKB48 x Bonde das Maravilhas

Os japoneses têm imagem de ingênuos e bonzinhos, mas muita gente não conhece a fama de “tarados” de madurões de 40, 50 anos… Não entendo como homens nessa idade têm coragem de dizer que são fãs (ou melhor superfãs!) de adolescentes, como as integrantes do famosérrimo grupo AKB48.

Eles acompanham os shows, enfrentam filas quilométricas para ganhar um aperto de mão ou simplesmente chegar perto das meninas que não passam dos 20 anos e poderiam ser suas netas! Compram pôsteres, DVDs e tudo mais.

Será que eles gostam tanto assim das músicas delas? Não quero ser injusta, nem preconceituosa, mas acho esse entusiasmo todo no mínimo estranho @_@

No Brasil, onde tudo parece ter apelo sexual, pelo menos tem um Ministério Público que diz ficar de olho no que as crianças e adolescentes fazem na tevê e nos palcos.

Disseram estar de olho no Bonde das Maravilhas e, pelo que li, o grupo já decidiu pegar mais leve no figurino, nas letras e na coreografia. Ufa!

Fiquei boba com o tal quadradinho de 4, de 8 e de não sei quanto, que virou moda por aí. E com a idade das meninas: 13, 15, 14, 17 anos…

Não sei se estou enganada, mas acho que a diferença entre o AKB48 e o Bonde das Maravilhas não é tãaaao grande quanto parece.

No caso das brasileiras, o apelo sexual é explícito e chega a assustar – não tenho coragem de postar aqui um dos vídeos delas que está no YouTube!–, mas as japonesas também abusam do apelo sexual e da imaginação dos fãs-vovôs.

Só que para isso, elas não precisam fazer quadradinho de 8, nem ficar seminuas. Afinal, os japoneses gostam de carinha de anjo e, principalmente, de uniforme escolar! Se bem que elas fazem ensaios fotográficos sensuais e gravaram um comercial que gerou polêmica por insinuar beijo lésbico.

Para vocês terem ideia, estes uniformes e acessórios personalizados das meninas do ABK48 fazem o maior sucesso nas sex shops do Japão.

Será que sou careta demais?

Vale lembrar que nem todos os fãs são vovôs serelepes, mas também crianças e adolescentes, que imagino realmente gostarem das músicas e se inspirarem nos looks e nas coreografias das meninas.

Vejam acima um vídeo de um dos maiores sucessos do AKB48, o vídeo do comercial polêmico e um dos maiores sucessos do Bonde das Maravilhas.

No caso das japonesas, o ideal seria ver um vídeo dos fãs-vovôs. Se eu achar, eu posto aqui ; )

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