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Ele fez a pergunta que eu mais temia: “Karina, há quanto tempo você mora no Japão?” Respondi como sempre, cheia de “mas”.
Tentei explicar que estou aqui há quatro anos, mas AINDA não falo japonês decentemente por isso e por aquilo. Em seguida, disse que estou estudando e que não perdi a esperança de aprender. Tenho mais dois anos pela frente e prometi a mim mesma que não volto ao Brasil sem falar japonês (básico não serve!).
O meu entrevistado, um bem sucedido advogado japonês nascido no Brasil e fluente nos dois idiomas, deu risada. “Se não aprendeu em quatro anos, não vai aprender em dois…” Não fiquei brava com ele. Sei que é uma pessoa muito bacana e não falou com ar de deboche. Foi desconfiança mesmo e, matematicamente, ele tem razão.
Era final de uma tarde em Tokyo e estávamos no bar de um Hotel no requintado bairro Marunouchi. Dali, peguei o metrô rumo a Shinbashi, onde meus amigos me esperavam para um bate-papo menos chique, regado a umeshu, o tal licor de ameixa japonesa que eu adoro. E a frase não saía da minha cabeça.
Parecia o comercial do chocolate Batom, da Garoto. Quem é da minha geração deve se lembrar. “Cooooompre Batom! Cooooompre Batom! Seu filho mereeeeece Batom!” Na minha adaptação, seria assim: “Estuuuuude japonês! Estuuuuude japonês! Você teeeeem que falar japonês!”
Até que, no caminho, surgiu a idéia: vou provar o contrário. Quando o resultado (positivo, claro!) do teste de proficiência estiver nas minhas mãos, vou mandar uma cópia para o meu entrevistado. E tenho certeza de que ele não ficará bravo. Pelo contrário, espero que fique feliz por saber que serviu de incentivo para mim.
Eu não queria revelar a minha meta, por puro medo de não cumpri-la, mas mudei de idéia. Estou estudando japonês sim e pretendo (ou seria melhor dizer “vou”?) prestar o teste de conclusão do nível básico no final deste ano e o do nível seguinte, no final do outro ano. Aí sim, envio a cópia.
Bateu uma vontade louca de aprender e só falta rezar para que ela não vá embora nos próximos dois anos. Ganbatteimasu (Tecla SAP: estou me esforçando!).
Mas, afinal, por que eu ainda não falo japonês? Burrice não, por favor! Eu diria que o meu erro foi o comodismo.
A vida aqui é tão prática, que nem dominar o idioma local é necessário. Especialmente, para quem trabalhou numa empresa com intérpretes, como eu, ou caiu de pára-quedas na comunidade brasileira, como caí agora.
E eu não entendia porque um homem inteligente como o Zico morava há tanto tempo aqui e não falava japonês. Zico, hoje, eu te entendo!
Não basta morar no Japão para aprender a língua. Tem que mergulhar na sociedade japonesa e também enfiar a cara nos livros. Eu até tentei e ainda tento, mas trabalhando na imprensa brasileira é impossível ignorar a língua portuguesa, os brasileiros e tudo que gira em torno da nossa comunidade.
Meu trabalho é ler em português, entrevistar em português, escrever em português… O tema? Brasileiros, sempre brasileiros. Ou japoneses que têm alguma ligação com o Brasil.
Adoro meu trabalho, mas decidi que não vou mais usá-lo como desculpa para não progredir nos estudos de japonês. Aliás, a primeira providência foi voltar a estudar. Fulano aprendeu lendo mangá, siclano ficou fluente assistindo a novelas, beltrana arranjou um namorado japonês. Acredito que tudo isso ajuda muito no aprendizado, mas cheguei à conclusão de que nada substitui o estudo.
Eu não quero só aprender a falar, quero ler e escrever também. Leio mangá sim (tento!), assisto à novela sim (nem sempre entendo, mas…) e também já namorei um japonês.Fora os muitos amigos japoneses que conheci, especialmente, em Tokyo.
Mas eu só consegui conjugar os verbos e trocar e-mails em ideogramas (kanji) depois de passar pela Shinjuku Nihongo Gakkoo, escola que eu sempre recomendo. E só passei a escrever – um pouquinho, por enquanto – os tais ideogramas, depois de me matricular no Kumon, outra escola que eu recomendo para Deus e o mundo.
É tão gostoso ler uma placa aqui, outra ali. Entender o panfleto de uma propaganda qualquer ou o quadro de atividades da academia, não acham?
E o mais importante, na minha opinião, é lembrar que o “mais ou menos” não nos leva muito longe. Para que as portas de bons trabalhos se abram, para alcançar a independência (me refiro à dependência dos intérpretes) e assim ter uma vida melhor, o jeito é enterrar todas as deculpas esfarrapadas, como “eu não tenho tempo” ou “só trabalho com brasileiros” e dar um jeitinho de aprender para valer.
É que nem aquela outra propaganda da minha época: “Existem 1.000 maneiras de preparar Neston (ou de aprender japonês!), invente a sua!”
Parêntese: as fotos não têm nada a ver com o texto (publicado na Alternativa Higashi, ed. 09, de 20 de março de 2008), eu sei. Mas são bonitinhas né (^_^)v
Não existe a necessidade vital de compreendermos o nihongo,afinal,tudo o que precisamos conseguimos falando português.
Porém, não podemos desperdiçar essa oportunidade grandiosa de aprender da melhor maneira existente,ou seja,convivendo.
Eu,por muito tempo me senti acanhado em usar meu nihongo…E foi à partir do dia em que decidi mergulhar de cabeça no universo japonês que comecei a desenvolver o pouco que sábia.Por muitas vezes aprendia novos termos e fazia questão de parar alguém na rua somente para simular um ^pedido de informação^e de quebra exercitar o nihongo empregando na frase os novos termos.
É claro que o fator^namorar uma japonesa^ajuda e muuuito,digo isso por experiência própria.
Porém nada substitui os livros e as horas dedicadas ao aprendizado.
Gambatte nos estudos.
Antes tarde do que nunca!!
Acho que o pensamento deveria ser este mesmo. Acho que no seu caso, como correspondente, alem de trabalhar, creio que tambem tenha vindo para conhecer a cultura e costumes. Imagino que alem dos pontos turisticos e da comida, lingua japonesa estah inclusa neste rol.
Da mesma forma que ficamos nos perguntando com estrangeiros que ficam muitos anos no Brasil e nao fala o portugues, por analogia, por que os estrangeiros que estao no Japao, nao conseguem aprender o portugues?!?!
Podem falar que nao tem tempo de estudar ou coisa assim. Mas, acho que acaba sendo comodismo e por que nao, preguica.
Voce como jornalista, tem como principal objeto de trabalho as palavras, sejam escritas ou faladas, entendo que voce como uma pessoa que com as palavras atinge muitas outras pessoas, possa servir de exemplo.
Boa sorte! Para um incentivo, aprendi o japones em 2 anos saindo do quase zero e tenho o certificado de proficiencia nivel 1.
Sou estudante de 1º ano de Jornalismo e descobri seu blog há pouco tempo, mas já li quase todos os posts!
Achei muito interessante seu modo de ver o Japão, e compartilhá-lo conosco. Adoro ler as curiosidades sobre esse país tão diferente do Brasil!
Pretendo ir ao Japão no final deste ano, e como você também é jornalista e trabalha na área, gostaria de saber se poderia entrar em contato com você de alguma forma. Estou procurando cursos, bolsas, mas não tenho tido muita sorte. Espero que você possa me ajudar de alguma forma!
Quanto ao aprender japonês, eu também ainda estou no básico, demo watashi mo ganbatteimasu ne! ^___^
Posso deixar meu e-mail para você me escrever? carolnakao@gmail.com
Arigatou, e parabéns pelo blog, totemo omoshiroi desu! ^_____^v
Bjos
No meu método de estudo eu sigo a mesma sequência de aprendizado que os estudantes japoneses usam. Já me disseram que é complicado demais porque não se baseia em estudo de radicais. Mas eu prefiro assim, na sequência do ensino japonês.
E eu entendo a satisfação de conseguir ler algo com kanjis. Como assisto muitos animes, sempre tem placas e nomes de pessoas, e ultimamente consigo ler várias dessas ou pelo menos saber o que significa.
Finalizando este comentário gigante, pode ter certeza que vou torcer para você conseguir estudar bastante e não desanimar.
Beijos
Mas devo confessar que meus estudos estão beeeemmmmmmm de lado! Acho que assistir doramas é a única coisa extra que eu faço por conta rsrs! Vou me inspirar na sua determinação para encarar com mais dedicação tb!
Vamos ver, daqui dois anos, como estaremos ^-^! (Será que já vou estar no nihon? rsrs)
Beijoss
Ganbarê Karina san, com os estudos. Eu estou trabalhando numa empresa (temporario/estagiario) aqui no Brasil (São Paulo/SP) onde a grande maioria aqui são japoneses…estou aprendendo japones aqui mto na pressa… mas, estou me empenhando muito para aprender, peguei umas apostilas da biblioteca daqui e todo dia o bom e velho “Ohayo gozaimassu”, ou “Ogenki dessu ka?” e “Tadaima”!
Estou gostando muito e assim como vc, estou treinando, só tirando o fato de vc estar no Japão e eu aqui no Brasil… (e eu tenhu q saber pelo menos o básico ateh o final de Abril – conversação)
Bom… sucesso Karina san!
ps: Achei legal isse o que seu entrevistado lhe disse! Eu diria o mesmo no caso dele!! Ganbarê!!!
Desculpa deixar 2 comentários no mesmo post, mas… se você não puder me mandar o e-mail, pode deixar seu endereço para eu entrar em contato com você, onegaishimasu? ^___^”
Arigatou!
Não desista!! Tem um cara que para mim é exemplo de vida.Sempre que me deparo com algo difícil a ser realizado, lembro-me das sábias palavras…DETERMINAÇÃO é a chave para o sucesso do que nos propomos a fazer.
Este cara é simplesmente Ayrton Senna
Tenho certeza de que vc conseguirá . Não ligue para as cobranças de quem na verdade não esta nem ai pra vc. Faça o que tiver de ser feito , mas faça por Você!!! bjos
Sobre falar japonês, acho que cada pessoa tem seu ritmo e sua maneira de aprender, não dá para generalizar e dizer que se não aprendeu em 4, naõ vai aprender em dois. Mas você está indo pelo caminho mais correto, se esforçando muito mais a partir de agora. Tenho certeza que você vai mostrar a cópia do resultado para seu amigo!
tem brasileiros aqui que nem sabem o portugues direito,misturam girias e pronunciam os verbos errados!por isso vai fuuuuuundo!!!!!:)
Acho que realmente vc é muito modesta… já visitei o mada,mada e tb li seus posts sobre nihongo, e dá pra perceber que seu japonês vai bem além do nível 4!! Eu fiz a prova nesse nível (dez/2007) e tenho certeza de que será muito fácil pra vc!
Vc já visitou o site http://www.jlpt.info ? Tem as provas anteriores de todos os níveis na íntegra, desde 1999 até 2006! Dá pra ter uma boa idéia do conteúdo e da dificuldade de cada nível…
Eu tb sempre me pergunto se estou aprendendo esse idioma de maluco!! Cheguei aqui no Japão há um ano e faço curso 2x por semana. Mas somente agora, que comecei a trabalhar com japoneses, é que estou conseguindo colocar meus estudos um pouco mais em prática!! Mas é assim mesmo, cada vez que vc desanimar, tente lembrar do qto vc sabia qdo desembarcou nesse Japão!!
Boa sorte! Paty.
Eu tb sou mais uma q faço a mesma pergunta hj em dia… aprendi muito pouco e tarde demais; me arrependo de não ter me dedicado ao nihongo… =/
Realmente, o “mundinho brasileiro” do Japão atual é muito prático, acessível e cômodo para a comunidade verde-amarela: a língua portuguesa está presente em bancos, parques, escolas, lojas, etc.
Estarei torcendo para q vc consiga os certificados de proficiência em Nihongo… não para provar algo a alguém, mas para q vc tenha aquela sensação gostosa e digamos, triunfante de poder conversar, assistir um noticiário, ler e entender qualquer placa ou anúncio dependendo apenas de vc mesma. Gambatte kudasai! ^^
fico admirado que,uma pessoa sem descendencia japonesa como vc(nao eh?);chegar ao japao,um pais com diferencas culturais,tradicionais e idiomaticas de seu pais de origem,e se interessar vivacidamente-sempre respeitando suas diferencas e regras.um belo exemplo humano,de cidadania-cidadao do mundo-que vem somente para nos acrescentar,fortalecer!como diria o slogan da mastercard:”priceless”.
Você mencionou o Shinjuku Nihongo Gakkoo, é lá que você estudou? Este é um dos métodos (Ezoe) que a Aliança Cultural Brasil Japão aqui de São Paulo utiliza nos cursos. Estou no módulo 5 (ainda faz parte do básico…rs) e gosto bastante deste método.
Acho que seria um desperdício você voltar sem ter aprendido a língua enquanto estiver aí. Apesar da praticidade citada por você, é muito mais fácil aprender uma língua estrangeira no país de origem dela.
Em relação ao Zico, acho lastimável ele não ter se esforçado para aprender o idioma de um povo que o idolatrou…ponto negativo para o “cidadão brasileiro”.
Seu blog está show! Estou adorando! O Japão é lindoo!! Queria tanto ir para Disney. Um dia pretendo irrr!! ^^v
Realmente, nihongo é uma lingua que se não praticar não tem como aprender. Mas com certeza vc conseguirá! Gambatte!
BjoS,
Adoro vir aqui!!
Sou casada com um Sansei.
Moramos no Rio e temos uma mesticinha chamada Tomie!
Um beijinho pra você!
http://www.tomieoshiro.blogger.com.br
Sayounara